Apesar de toda a informação e campanhas de
sensibilização que têm existido nos últimos tempos, a ingestão de bebidas
açucaradas tem vindo a aumentar nas últimas três décadas, como é que é
possível?
Tanto em Portugal, como no resto da Europa, a ingestão de refrigerantes e bebidas açucaradas tem sido tão elevada entre
crianças e adolescentes, que se tornou num verdadeiro problema de saúde pública
e num comportamento de risco associado a uma redução da capacidade cognitiva e
a uma maior incidência de diversas doenças crónicas, tais como a obesidade,
doença cardiovascular e a Diabetes Mellitus tipo 2.
Infelizmente as nossas crianças, se mantiverem
estes hábitos inadequados de alimentação e estilo de vida, podem vir a ser a
primeira geração a ter uma esperança média de vida inferior à dos seus pais!
Isto parece-me assustador, especialmente agora que fui mãe há tão pouco tempo.
Como resposta a esta problemática, diversos
países implementaram medidas dissuasoras do consumo de alimentos com elevados
teores de açúcar, através da implementação de taxas sobre alimentos doces como
os refrigerantes. Atualmente, em Portugal, também existe regulamentação
relativa à taxação das bebidas açucaradas no sentido de reeducar a população
portuguesa para o consumo de bebidas com menor teor de açúcar, mas será que uma
postura deste tipo funciona mesmo?
Acredito, pessoalmente, que educar e informar a
população para a escolha de alimentos pode ser mais proveitosa do que este tipo
de intervenção política, baseada no aumento de impostos. Será que o adolescente
vai mesmo deixar de beber a coca cola, cheia de açúcar, porque custa mais 20 cêntimos?
Se
calhar teria mais efeito se o adolescente soubesse que existem alternativas mais
saudáveis, mas igualmente saborosas (sem que para isso se tenha de apostar em
aditivos alimentares artificiais para camuflar a falta de açúcar). Que
conseguisse ler rótulos nutricionais e fazer escolhas mais informadas. Que
soubesse que para além de uma tabela nutricional, existe também uma lista de
ingredientes, que nos ajuda a perceber o que compõe o produto que compra e a
sua proporção. Que não se deixasse confundir com crenças de que "águas com
sabores não têm açúcares" ou que "o iced tea é melhor porque afinal de contas é só
um cházinho".
Para isso é preciso EDUCAR... e para educar é preciso tempo e dedicação!
Talvez desse mais trabalho, sim!
Talvez desse menos dinheiro ao estado, claro!
Mas muito provavelmente teria um efeito mais
eficaz e duradouro.
São várias as pessoas que não conhecem a real
quantidade de açúcar presente nos alimentos e bebidas comercias e, por isso,
nem sempre escolhem as melhores opções.
Recentemente, foram conhecidos os resultados de
um estudo desenvolvido pela Cooperativa de Ensino Egas Moniz, que revela que
estudantes de saúde (futuros prescritores) não conhecem a real quantidade de
açúcar presente em bebidas comerciais. O estudo mostra ainda que os estudantes percepcionam uma quantidade de açúcar inferior em águas com
sabores e superior em bebidas como Coca-Cola ou Ice Tea Lipton, o que não
corresponde à realidade.
Ae estudantes universitários na
área da saúde não têm percepções reais relativamente à quantidade de açúcar de
refrigerantes e águas com sabores, então imagine-se crianças e adolescentes...
e aqui volto a questionar, será que não vale a pena educar?
Dados do estudo realizado pelo Laboratório de
Bioquímica (BIOQUILAB) do Centro de Investigação
Interdisciplinar Egas Moniz
(CiiEM) da Cooperativa de Ensino Superior Egas Moniz (2017)
Esta é a quantidade de açúcar em gramas por
100ml de bebida, quantificada laboratorialmente no tal estudo que vos falo
e que a maioria dos alunos acertou ao lado. Mas não se esqueçam de uma coisa, 100ml é cerca de metade de um copo...
e cá entre nós, ninguém bebe meio copo de iced tea, coca-cola ou seven-up ou
estarei enganada? Multipliquem estes valores por 3,3 e terão a quantidade de
açúcar presente numa lata de 330ml. Assusta não assusta?
Em alternativa temos algumas receitas caseiras
de infusões geladas, águas aromatizadas e águas gaseificadas com sabores, que
se podem tornar num hábito muito mais equilibrado e com sabores muito mais
naturais.
Enquanto nutricionista e agora mãe, acho que está na hora de mudarmos estatísticas e isto começa nas nossas famílias e nas casas de cada um de nós!
Já vos falei maravilhas da SodaStream AQUI e
provavelmente esta pode ser uma excelente forma de reduzir o consumo de
refrigerantes e outras bebidas açucaradas, com receitas caseiras sem açúcar, sem
corantes ou aromatizantes artificiais (ver mais AQUI).
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